Antes da tempestade veio a luta! As trajetórias de resistência dos primeiros ícones do surf brasileiro.

 

Você sabe como se forma uma tempestade? No surf brasileiro, ela aconteceu através de muita luta e resistência. E tem dois nomes que se destacam nesse cenário: Fabio Gouveia e Teco Padaratz. Se hoje sabemos de cor o nome de cada um dos surfistas que disputam o WSL, em meados dos anos 80 o sonho era ainda muito distante. Num momento em que o surf se profissionalizava no mundo, dois garotos começaram a ser preparados para enfrentar os melhores do planeta de igual para igual. Percorrendo caminhos paralelos, foram os primeiros a fincar a bandeira brasileira no alto do pódio das principais competições. Graças à força de vontade infinita desses “garotos” estamos aqui. Teco foi construindo seu nome na Califórnia onde, depois de um período de adaptação, se tornou “um deles”. Acabou vencendo dezenas de etapas dentro da casa dos americanos e, apesar do tratamento indiferente do início, ganhou a admiração dos parceiros. O projeto de vida seguiu e ele chegou ao circuito mundial. Primeiro apoiado pela mãe, depois pelo pai, que foi convencido pelo espírito de garra e vontade de vencer de Teco. Tenham certeza de que não foi fácil convencê-lo, mas, se hoje os filhos têm incentivo da família para seguir essa carreira, agradeçam muito à insistência desse catarinense que tem uma passagem em sua carreira que poucos no universo podem contabilizar – uma vitória inquestionável sobre Kelly Slater na final de uma etapa do circuito. Essa história é muito boa: é bom ver o sangue nos olhos de Teco enquanto a conta, não deixe de assistir ao vídeo. E, se a competitividade sempre foi a marca dele dentro d’água, acabou se transformando em uma busca por novas possibilidades em seu atual momento de vida: Teco está sempre à procura de algo mais, seja dirigindo os negócios da WSL no Brasil, atuando em algum seriado de televisão ou se apresentando com seu violão. Fabio Gouveia, o paraibano hoje radicado em Floripa, nasceu praticamente de frente para o mar. E, mesmo que em alguns momentos tenha sido obrigado a ficar um pouco distante do oceano, na primeira oportunidade que teve pegou sua prancha de isopor e foi para a praia. Nesse início eram horas e mais horas dentro da água, sem dar bola para insolação, fome, cobrança dos pais: nada interessava mais que surfar. E a paixão foi se transformando em sonho, e o sonho em realidade, antes até do que ele poderia imaginar. Em 1988, Fabinho erguia o primeiro troféu mundial do surf brasileiro: Campeão Mundial Júnior em Porto Rico. Daí para o circuito mundial foi um pulo, com uma importante passagem por Austrália e Havaí, onde, graças ao seu bom humor e espírito elevado, conquistou o respeito da turma que disputava as melhores ondas pelo mundo. Isso tudo no sorriso, com um inglês ainda incipiente. Mas sempre com muita manobra. E se existiam dificuldades elas se transformavam em combustível, como enfrentar ondas grandes, pouco usuais no seu cotidiano. Por isso, uma de suas vitórias mais emblemáticas foi justamente em Sunset, pico clássico de ondas altas e pesadas. As risadas gostosas ao contar essa e outras histórias, assim como o respeito que tem por quem veio antes dele, são ingredientes que fazem desse cara um dos surfistas mais admirados de todos. A bateria Legends aconteceu no mais belo final de tarde do evento realizado em Saquarema. Tudo muito merecido para esses dois surfistas e seres humanos fantásticos. O mar mais clássico do Brasil e o público apaixonado de verdade pelo esporte não arredaram pé durante os 30 minutos de competição. Competição, sim. Quando esses dois fazem seus rituais e entram na água, é que como se tudo voltasse no tempo, e as dores na lombar, no pescoço, no tornozelo, nada disso os abala. Eles resistem, e estão cada vez melhores. Obrigado pela resistência, Fia e Teco!

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